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08 julho 2008

Semente de verdade

Um Imperador sem filhos ou parentes decidiu escolher um herdeiro e mandou chamar diante todas as crianças do Reino. No dia marcado uma multidão estava diante de seu palácio. Se dirigindo diretamente a elas, um ministro disse que seriam distribuídas sementes e que cada criança deveria se responsabilizar pessoalmente pelo plantio e cultivo de sua semente, retornando no mesmo dia do ano seguinte para apresentar o resultado ao Imperador.
Entre essas crianças estava Lyn, que recebeu sua semente cheio de esperança, visto que sua sofrida vida como filho de jardineiro lhe rendera grande experiência no assunto.
Ele não perdeu tempo e logo foi para casa onde começou a cuidar da semente. Escolheu a melhor terra, plantou no tempo certo, regou, cuidou... Mas logo começou a se preocupar. A semente não germinava! Por mais que cuidasse, a planta não nascia. Não precisou muito tempo para que Lyn perdesse sua esperança e se sentisse fracassado. Não acreditava mais que pudesse ter chance.
Quando chegou a data marcada, Lyn não queria ir ao encontro do Imperador. Foi seu avô que insistiu para que fosse mesmo assim e levasse seu vazo. O tio de Lyn sugeriu que ele levasse outra planta de mesma espécie para que não aparecesse de mãos vazias, mas Lyn não achou correto. Mesmo que não fosse escolhido ao menos teria a chance de mostrar ao Imperador e as outras crianças que havia tentado e se esforçado.
Chegando ao palácio Lyn foi se sentindo cada vez mais constrangido ao ver as plantas maravilhosas que as outras crianças carregavam. E, envergonhado, foi deixando que as outras lhe tomassem a frente se tornando o último da fila. O Imperador observava e analisava cada planta sem esboçar nenhum sinal. Até que chegou a vez de Lyn.
Quando o Imperador viu o vazo sem nada se surpreendeu. Lyn começou a explicar que tinha se dedicado, mas antes que terminasse o Imperador o interrompeu e disse:
"Dispensem todas as outras crianças. Aqui está o meu sucessor." Lyn ficou perplexo. Não podia acreditar que seu fracasso pudesse valer sua escolha. Foi quando o Imperador explicou: "Antes de entregar as sementes às crianças eu mesmo as torrei num forno. Nenhuma daquelas sementes era capaz de germinar. Eu não estava procurando o melhor jardineiro, mas a criança mais verdadeira."
De repente Lyn compreendeu que encarar seu fracasso de frente, mesmo que isso significasse correr o risco de perder, se tornara sucesso. E que o que recebera no ano anterior não foi uma semente de planta, mas uma "semente de verdade". E a sua foi a única que germinou.

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