Se engana quem acredita que o eleitor norte-americano escolheu Barack Obama por sua aparência física ou suas origens étnicas e ideológicas. Mesmo porque em nenhum momento de sua vitoriosa campanha à presidência da república dos Estados Unidos da América o candidato se utilizou de argumentos que fizessem referência a sua cor de pele ou origem. Claro que alguns podem ter escolhido assim, mas de modo geral o eleitor norte-americano escolheu o candidato que acreditou personificar melhor sua ânsia por mudanças. O voto em Barack Obama veio do eleitor insatisfeito com os rumos que seu país tomou nos últimos anos sob o comando do republicano George Bush e que vê no presidente recém eleito a imagem de um político jovem, pragmático, ágil, inteligente e de idéias arejadas, embora tenha pouca experiência de cargos eletivos (há quem veja nisso alguma semelhança com a eleição de Fernando Collor no Brasil). Um político que estaria comprometido com as questões internas do país mas também adequado para agir no plano internacional resgatando a imagem dos Estados Unidos.
Mas não há como negar o significado e as implicações que a eleição de um presidente negro troxe e ainda vai trazer para os Estados Unidos e para o resto do mundo. A eleição de um presidente negro, criado numa comunidade onde existem muitos muçulmanos, é um marco histórico e abre possibilidades animadoras para quem luta pela igualdade. De um lado esperamos que agora a Casa Branca passe a agir de forma mais decidida e efetiva no combate ao racismo e às desigualdades fundamentadas nas (hipotéticas) raças e nas religiões. Por outro lado, o cidadão norte-americano passa recado para o resto do mundo de que os Estados Unidos não querem mais ser um país de (governo formado por) brancos racistas, mas um país plural, formado por várias etnias e religiões, que juntas compõe uma só potência hegemônica mundial.
Não foi por acaso que eu disse que o cidadão estadunidense deseja ver seu país como uma nação que internamente é plural, com menos desigualdades, mas internacionalmente dominadora. Pois alguém acredita que o novo presidente vai sair pelo mundo lutando pelo fim das desigualdades no plano internacional ou negociando a posição hegemônica de seu país? Porque perante seu país ele pode se apresentar como o primeiro presidente negro (o que, destaco novamente, é animador), mas perante o mundo ele continuará a ser o Presidente dos Estados Unidos da América. Se isso é mal ou bom para nós, do resto do mundo, e o que vai mudar na política externa norte-americana (embora saibamos que muita coisa deve mudar) é algo que veremos nos próximos anos.
Mesmo assim, entretanto, quero expressar minha esperança num governo mais humano e igualitário na Casa Branca. A História da humanidade já ganhou com estas eleições, mesmo que o novo presidente não seja brilhante, embora eu acredite que Obama tenha condições para ser.
Sendo assim, "Boa sorte, Mister President!"
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