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15 fevereiro 2011

A Novilíngua do Palácio do Planalto

Que me desculpem os petistas e dilmistas de plantão, mas é simplesmente ridícula a insistência da presidente Dilma em exigir que se diga "presidenta". Está óbvia para mim que essa exigência é marqueteira e ideológica.

Marqueteira porque é uma forma de destacar que ela é a primeira mulher a ocupar a presidência da República. Não que isso seja inadequado, pois acho incrível e motivo de orgulho para o povo brasileiro ter uma mulher como presidente. O problema está na forma com que "propagandeia" isso, bem ao estilo do "nunca antes na história deste País".

Ideológica, porque, como na Novilingua do livro de George Orwell, 1984, é uma modificação artificial e deliberada da lingua com o objetivo de criar uma situação psicológica no ouvinte e no falador: a sensação de que somente um partido de esquerda, em especial o PT, poderia ter levado à presidência uma mulher. Que somente por meio do PT temos uma "presidenta".

Se o Palácio do Planalto está tão empenhado em valorizar o feminino e o distinguir do masculino, porque não inclui em seu projeto da Novilingua Tupiniquim tantos outros termos terminados em "e" que, em nossa agora desvelada ignorância, passam a ser vistos como um masculino disfarçado de neutro para dominar a auto-estima feminina? Por que não falar: "Nossa presidenta ficou muito contenta em sua visita" ou "A influenta presidenta Dilma é inteligenta"?

Por outro lado, muitos outros homens podem estar se sentindo esquecidos pela presidente. Podem querer que a Novilingua da Dilma preste mais atenção também aos termos que colocam em dúvida sua masculinidade. Estão cansados de serem femininamente chamados de dentistas, especialistas, motoristas, etc. Exigem que a Novilingua, em seu esforço de destacar o feminino do masculino (de criar a diferença para reafirmar a igualdade), aprove também que se diga "dentistos", "especialistos" e "motoristos".

Sei que muita gente está achando que estou me incomodando com detalhes bobos, que essa atitude é insignificante, mas destaco que é nos pequenos detalhes que conhecemos as pessoas e seus pensamentos. Deliberadamente alterar a forma com que se fala o idioma para dar conta de objetivos ideológicos e de propaganda é uma mostra do que se está disposto a fazer em nome de um projeto. Tipo... chamar de "caixa dois" o que, na verdade, foi o maior projeto de financiamento de suborno no Congresso Brasileiro, como "nunca antes na história desse Pais". Aliás, dertalhe: todos os envolvidos no mensalão (que a Novilingua do PT chamou de inocente "caixa dois") estão reabilitados no atual governo.

Mas o triste é que, com tanta corrupção em Brasília, o povo está mais preocupado em observar um punhado de desconhecidos numa casa fechada, que em observar o que se passa nos bastidores do Palácio do Planalto. Estamos mais interessados em eliminar "fulana(o)" daquela casa do que em expurgar da política quem rouba nosso dinhero e faz chacota de nossa inteligência. Se o Palácio do Planalto tem o seu Novilíngua, porque não também implementar outra idéia do livro 1984 de George Orwell que tanto sucesso faz na televisão: o Big Brother? Adoraia assistir o dia inteiro o que se passa naqueles gabinetes...

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