No texto anterior eu me referi ao Imperador Romano Marco Aurélio (121d.C. - 180d.C.), que apesar de conduzir o maior Império da Terra na época, dedicava boa parte de seu tempo à filosofia estóica. Neste fragmento de seus escritos ele mostra seu caráter espiritual e também sua opinião sobre a ansiedade e o sofrimento para com as coisas de nosso dia a dia:
"Os deuses não podem nada ou podem qualquer coisa. Se eles não podem, porque você lhes ergue preces? Mas se eles podem, porque você não lhes suplica que te concedam não temer nem desejar algumas dessas coisas e de não se amargurar por algumas delas, ao invés de obtê-las ou evitá-las? Porque, de qualquer modo, se eles podem ajudar os homens, devem ajudá-los também nisso. Talvez, você diga: 'Os deuses deram-me condições para agir a esse respeito'. Então, não é melhor que você se sirva livremente do que está em seu poder o invés de inquietar-se servil e vilmente por aquilo que não está em seu poder? Ademais, quem disse que os deuses não nos coadjuvam também naquilo que está em nosso poder? Começa a suplicar-lhes nesse sentido e verás."
Em outras palavras, num exemplo bem simples: Acreditamos que Deus pode tudo e por isso pedimos, por exemplo, que nos conceda amigos que não use vermelho, já que detestamos o vermelho. Mas se Deus pode tudo, a ponto de nos conceder amigos assim, não seria melhor pedir que Deus use seu poder nos curando dessa ansiedade ou desse temor para com o vermelho, para que possamos viver bem com qualquer cor e qualquer amigo? No entanto, o que a maioria das pessoas faz é justamente o contrário. Dizem: "Sou assim. Não gosto de vermelho e pronto. Só peço não ter que encarar o vermelho." E assim vão guardando justamente as coisas e os sentimentos que a afastam a felicidade. Troque o "vermelho" de meus exemplo por qualquer outra coisa que te incomode nos outros ou nas coisas e perceba o que eu estou falando.
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